História

O Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz teve a sua génese em 1972, na denominada Semana Internacional de Cinema, organizada pelos jovens do Círculo Juvenil de Cinema da Figueira, apoiados pelo persistente cinéfilo figueirense Manuel Leitão Fernandes e pelo Engº José Manuel Catarino, e o patrocínio da Câmara Municipal e da Sociedade Figueira Praia.

Os objetivos eram trazer à Figueira uma série de filmes de qualidade, muitos deles fora do circuito comercial, sendo o produto das receitas destinado ao “Movimento de Ajuda Fraterna” que, localmente, tinha ações sociais de benemerência. Nesse contexto, foi contactado o Padre José Vieira Marquesdo Centro de Estudos e Animação Cultural de Lisboa que se prontificou a propor a seleção dos 7 filmes e conseguir que viessem à Figueira, em ante estreia, passando a exercer a função de secretário-geral do certame..

O primeiro filme a ser exibido no cinema Peninsular, no dia 18 de setembro de 1972, foi ” O baile dos Bombeiros” do checo Milos Forman, com lotação esgotada. Nesse primeiro ano realizou-se, em paralelo, na Casa do Paço, um ciclo do “Novo Cinema Alemão”, com o apoio do Instituto Alemão.

A caraterística peculiar da Semana Internacional e depois das consequentes edições do Festival Internacional de Cinema, era a dinamização de debates, sempre muito participados, sobre os filmes exibidos, proporcionando um espaço de livre expressão num País ainda dominado pela censura da ditadura. E, muitas dessas conversas, que tinham como ponto de partida o cinema, estendiam-se, depois, pelos cafés do Bairro Novo, em torno de personalidades de referência no meio cultural nacional, como Manuel Guimarães, Fernando Lopes, Fernando Pernes, Prado Coelho, Lauro António, Eduardo Geada e tantos outros.

Pelo ineditismo do modelo adotado e pela indiscutível qualidade patenteada, também a imprensa nacional e a internacional especializada deram significativa visibilidade ao certame que, em 1974, passa a ostentar a designação de Festival Internacional de Cinema da Figueira, estruturando-se de uma forma mais profissionalizada, com uma maior quantidade e diversidade de filmes, editando textos de apoio que, depois, seriam compilados em Programa.

De salientar que, mesmo nesta modalidade organizativa, muito do trabalho de bastidores estava confiada ao voluntariado de jovens figueirenses e sempre com o patrocínio, cada vez mais empenhado, da Câmara Municipal e Sociedade Figueira Praia e ainda do Instituto Português de Cinema e de outras entidades culturais.

Durante esses anos gloriosos. realizadores já conhecidos, outros ainda promessas, críticos e intelectuais de vários países de todos os continentes, visitaram a Figueira, para participar no Festival considerado um dos melhores do cinema independente, na Europa.