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Biografia

Alberto Jorge Seixas dos Santos Filho de pais figueirenses, Alberto Jorge Seixas dos Santos nasceu a 20 de Março de 1936, em Lisboa. Frequentou o Curso de Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A partir de 1958 trabalhou como crítico de cinema em diversas publicações. Em 1962 estudou em Paris, frequentando o Institut d’Hautes Études Cinématographiques e, no ano seguinte, a London Film School.
Pertencente a uma geração de cineclubistas (foi dirigente do ABC-Cineclube de Lisboa), Seixas Santos, cineasta do movimento do Novo Cinema, começou por filmar documentários – A Arte e o Ofício de Ourives e Indústria Cervejeira em Portugal (1968). Foi, em 1970, um dos fundadores do Centro Português de Cinema.
Em 1972 começa a rodar a sua primeira longa-metragem, Brandos Costumes. O argumento, co-escrito pelo realizador e pelos escritores Luiza Neto Jorge e Nuno Júdice, traça um paralelismo entre o quotidiano duma família da média burguesia e o trajecto do regime emanado do golpe militar de 28 de Maio de 1926. Embora o filme (que, pelo seu conteúdo, não poderia ser exibido antes da abolição da censura), só ficasse concluído em 1975, há nele aspectos gravados antes algo premonitórios, nomeadamente a referência a um golpe militar (de esquerda) no final. Este filme foi selecionado, em competição, para o Festival de Cinema de Berlim.
Foi um dos realizadores de As Armas e o Povo, também de 1975, filme coletivo que retrata a primeira semana de Revolução dos Cravos, cobrindo os acontecimentos do 25 de Abril ao 1 de Maio de 1974. Seguindo a mesma linha política, realizou em 1976 o filme, também coletivo, A Lei da Terra, exibido no Festival de Leipzig, que tem como tema o processo de reforma agrária então em curso. Neste mesmo ano foi nomeado presidente do Instituto Português de Cinema (IPC). Foi um dos fundadores da cooperativa Grupo Zero, à qual pertenceram cineastas como João César Monteiro, Jorge Silva Melo, Ricardo Costa, Margarida Gil, Solveig Nordlund e o diretor de fotografia Acácio de Almeida.
Gestos e Fragmentos, de 1982, aborda a relação entre os militares e o poder em Portugal, baseando-se nas vivências do célebre capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, nos pontos de vista do filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço e do jornalista e realizador americano Robert Kramer. Esta longa-metragem participou no Festival de Veneza desse mesmo ano.
De 1980 a 2002 foi professor na Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e, a partir de 1985, por algum tempo, director de programas da RTP.
A sua última longa-metragem, Mal, de 1999, foi apresentada no Festival de Veneza. Nestas duas últimas obras privilegiou a ficção, valorizando a psicologia das personagens e o rigor técnico.
Em 2005 terminou a curta-metragem A Rapariga da Mão Morta, que teve estreia mundial no 13º Festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde.

Filmografia

· A Arte e Ofício de Ourives (1968)
· Indústria Cervejeira em Portugal (1968)
· Brandos Costumes (1975)
· As Armas e o Povo (1975) – filme colectivo
· A Lei da Terra (1977) – colectivo do Grupo Zero
· Gestos e Fragmentos (1982)
· Paraíso Perdido (1992-1995)
· Mal (1999)
· A Rapariga da Mão Morta (2005)